Crioula da Pensão
Garcia e Zé Matão
No meu tempo de menino
Na hora da refeição
Só por causa de mistura
Brigava com meus irmão
Minha mãe sempre dizia
Pra nos dar a educação
Um filho que não se casa
Se viver longe de casa
Sofre mais do que um cão
Fiquei moço e certo dia
Não que eu quis ser o tal
Uma coisa me dizia
Arrisque a passar mal
Embrulhei tudo que tinha
Numa folha de jornal
E com tudo que era meu
Mais a fé que Deus me deu
Me aprumei pra capital
Dois anos de amargura
Quatro de desilusão
Onde quer que eu olhasse
Via a mamãe e os irmão
Nosso cachorrinho gordo
Roncando ao pé do portão
E eu magro morto de fome
Dormia só com meu nome
E a poder de oração
Minha última esperança
Eu vi brilhar num tição
Por Deus caí no agrado
Da crioula da pensão
Na canja peito de frango
E por baixo do feijão
Um bifão acebolado
Outro por cima regado
Com o tal azeite do bão
Hoje estou bem de vida
Mas sinto no coração
Saudades daquelas brigas
Com mamãe e meus irmão
Mas a saudade é dobrada
Com amor e gratidão
Do bife com cebola
Daquela santa crioula
Que Deus pôs lá na pensão
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